De acordo com ele, o setor de games japonês precisa de uma injeção de vida, e que a única forma disso acontecer seria com o total colapso do mercado. “Não sabemos o que fazer até atingirmos o fundo do poço, e só aí conseguimos observar onde as coisas deram errado”. Este coro também é engrossado por duas figuras de peso: Keiji Inafune, ex-Capcom, e Tomonobu Itagaki, do Valhalla Studios.
Segundo o criador de MegaMan, a Tokyo Game Show de 2009 foi decepcionante e a frustração se repetiu na edição deste ano. Para ele, o tamanho reduzido do evento e a ausência de grandes desenvolvedores do país devido a razões financeiras são as principais evidências de que o mercado de desenvolvimento de games japonês passa por sérios problemas.
Para Itagaki, porém, as razões para este declínio vão bem além da indústria de games e estão localizadas na raiz do sistema econômico japonês. “O Japão falhou na importação do capitalismo, ou melhor, não entendeu as lições de uma economia de livre mercado.” O executivo prevê que não apenas o mercado de jogos vai entrar em colapso, mas sim todo o país.
Para se proteger da criseFórmulas consagradas versus ideias novasApesar de parecer exagerada, a afirmação de Itagaki faz um certo sentido. O mercado de games é um negócio como qualquer outro e um dos segmentos mais importantes da economia japonesa. Da mesma forma que outros países de primeiro mundo, o Japão também foi atingido duramente pela crise econômica mundial e chegou a perder o posto de segundo maior produtor do planeta para a China.
Quando a economia está com problemas, os executivos se tornam mais cautelosos e evitam dar pulos muito audaciosos. Com isso, vem o dilema sobre o que é melhor: apostar em fórmulas já consagradas e que se tornaram sucesso de público, ou tentar alçar novos voos investindo em novas ideias e conceitos? A resposta parece óbvia.
Um dos exemplos claros disso é a line-up principal da Capcom para o Nintendo 3DS. Para alavancar o console, a empresa decidiu investir em ports ou sequências diretas de títulos consagrados. O portátil receberá jogos como MegaMan Legends 3, Street Fighter IV e duas versões de Resident Evil.
O fenômeno se repete com outros estúdios. Basta acessar o Top Jogos para Nintendo 3DS aqui mesmo no site e observar que os dez games mais procurados pelos usuários são sequências, oito delas sendo produzidas por estúdios japoneses. O primeiro game a não se encaixar nesta categoria aparece apenas na 28ª posição: o adventure Hollywood 61. Tal comportamento parece ser mais um incentivador para a visão conservadora dos executivos das desenvolvedoras.
Do outro lado do mundo, e da moeda
Enquanto isso, estúdios ocidentais vêm acumulando grande sucesso de vendas com seus títulos. O espaço aberto pelos desenvolvedores japoneses permitiu a criação de novas franquias que estão conquistando cada vez mais espaço no coração dos gamers e fugindo do “mais do mesmo”.Sim isso é verdade meus caros um exemplo disso é o Call of Duty Black Ops '-'
No início de novembro, Keiji Inafune deixou a companhia alegando que não tinha mais para onde se desenvolver lá dentro. De acordo com ele, assumir um cargo de gerência seria o melhor movimento para sua carreira, mas para um criador de jogos, tal escolha significaria a morte. O mesmo discurso, aliado à falta de liberdade criativa, foi adotado por Shinji Mikami, criador de Resident Evil, na ocasião de sua saída da Capcom, em 2007.
Por motivos semelhantes, a Square Enix perdeu Hironobu Sakaguchi, criador de Final Fantasy, em 2004. Praticamente todos os membros da equipe original de Silent Hill, da Konami Productions, também deixaram a empresa alegando diferenças criativas. Esta dança das cadeiras parece coincidir com o declínio nas vendas e uma queda de interesse do público em relação aos títulos que ficaram sem seus criadores.
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